Em Porto Alegre as feiras livres organizadas pela Associação dos Usuários do Mercadão nos bairros Cidade Baixa e Medianeira ganharam especial atenção no decorrer do trabalho de campo. No caso de São Paulo, a procura se desenrolou pela feira livre da avenida Mourato Coelho, organizada pela prefeitura da cidade. O Marché Maubert, no 5e arrondissement e o Marché de Belleville, no 20e arrondissement foram os principais locais da busca de campo realizada em Paris. 3Debruço-me novamente sobre isto estas narrativas a partir de uma interpretação um pouco diferenciado.
A atenção desloca-se pro trabalho desses sujeitos numa tentativa de compreender essas práticas cotidianas como o consequência da sistematização de um conjunto de saberes e experiências que foram construídas no cotidiano do mercado. 4Esse enxergar que se desloca é montado bem como a partir de uma experiência de serviço – o serviço da procura – que segue do doutorado pro pós-doutorado.
7Assim, tratar o feirante como um trabalhador urbano pode parecer uma declaração óbvia num primeiro instante, mas permite-me pensar a respeito as complexidades que produzem a urgência desta figura: o feirante, o comerciante e o mercador. Poderíamos nos mandar a Max Weber (1979), que descreve a cidade – ou uma das categorias de cidade – como um lugar de mercado.
- Sistematização dos processos para os franqueados
- Venda serviços
- 11- Não ter capital de giro
- 2- Medo de investir em um negócio do zero
- Comprovante de endereço dos sócios
- Exercícios físicos pra se fazer pela água
Nesse caso, o comerciante constitui-se deste personagem responsável por trânsito de mercadorias entre diferentes localidades. A pergunta que se coloca contudo é: qual é, ou como é o teu trabalho? Trata-se só de um mediador de trocas sociais e econômicas? Um “atravessador”, que compra a mercadoria de um lado pra revender em outro? 12Poderíamos declarar que o “fazer-se feirante” constitui parcela de um projeto individual e coletivo de um serviço autônomo, ou por conta própria, presente no campo de possibilidades (Velho, 1999) desses interlocutores em algum momento de suas vidas.
13Neste post suporte-me sobre isso detalhes etnográficos produzidos entre os anos de 2004 e 2008, no decorrer do período em que montei o doutorado em antropologia social, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. La tâche d’une anthropologie qui voudrait rendre compte de l’évolution du capitalisme contemporain ne peut plus se limiter, dans le cadre de la mondialisation, à une anthropologie classique du travail; elle doit s’élargir à une anthropologie des travailleurs.
Dez Na cidade de Porto Alegre, existem diferentes corporações de feiras livres. 16Seguindo a concepção de uma antropologia dos trabalhadores, elegi alguns interlocutores e tuas trajetórias pra tentar dominar não a totalidade do que seria o trabalho no mercado, no entanto várias de suas facetas. As narrativas de Henrique e Saionara, Akli e Andromeide, Fonseca e Karim vão nos guiar nesta descoberta do que é esse serviço do comércio de alimentos na execução da vida urbana. A feira é a prioridade nossa.
Eu prontamente tenho a semana prontinha… quarta-feira venho aqui pela Restinga, quinta tem Ceasa… de segunda-feira a sexta-feira faço as entregas pela via, nos mercados, e sábado e domingo a feira de novo… é uma rotina, nossa atividade é essa. Lá no Grêmio são treze bancas, 14 com a minha, quatrorze bancas ao total lá no Grêmio.
Lá tem a caixaria que se diz, né… que é o tomate, berinjela, pimentão, tem a fruta e tem mais a minha banca de alho. Lá é complicado, tu perde longo tempo, mais de 1 hora só pra construir e depois toda a atividade da mercadoria, né… é bastante complicado.
19Saionara é casada com Henrique, ambos feirantes do Mercadão do Produtor, vendedores de alhos e temperos. Se conheceram ainda na adolescência, quando Henrique era cobrador de ônibus da linha usada por Saionara. 20Não realizam a feira juntos, em razão de o Mercadão ocorre simultaneamente em 2 locais de Porto Alegre, aos sábados e domingos. 21Akli, um feirante argelino que é dono de uma banca no Marché Maubert,12 em Paris, tem uma visão muito próxima à de Saionara.